Whenever you need to win a situation - talk about jazz, Johanna. It confuses people.
Ainda estou a digerir a leitura de How To Build a Girl e a decidir como me senti em relação ao livro.
O livro começa com uma cena onde Johanna, a nossa heroína, se masturba no escuro da noite, enquanto partilha a cama com um dos irmãos mais novos. Ao contrário da maior parte dos livros sobre raparigas adolescentes, é raro (para ser honesta não me lembro de ler nenhum) onde a masturbação é um tópico. No caso de Johanna, ela está bem ciente da sua sexualidade, enquanto adolescente e virgem. A masturbação é para ela uma forma de relaxar e o melhor momento do dia. Há que admitir, um livro com uma entrada destas vai dar que falar por muito tempo.
Johanna é uma adolescente solitária que gosta de ler, gosta de escrever, adora música. Johanna reinventa-se com a criação de um alter ego, Dolly Wilde, e torna-se crítica de música para uma revista do tema. Dolly é irreverente, vive todos os dias com paixão e entusiasmo, rodeada de adultos, muitos deles homens. Envolta neste submundo onde os Smashing Pumpkins estão apenas a ganhar fama, a nossa heroína expressa-se livremente não só como menina, mas como ser sexual o que, uma vez mais, as adolescentes dos livros a que estamos acostumados raramente o fazem. Moran sabe escrever e expressa-se não só de forma coerente mas é mordaz e engraçada, o que torna a leitura muito fácil.
Because what you are, as a teenager, is a small, silver, empty rocket.
And you use loud music as fuel, and then the information in books as
maps and coordinates, to tell you where you’re going.
A minha maior questão com o livro está no facto de que com a entrada em cena da Dolly, a personagem Johanna passa a ser quase invisível e, embora seja refrescante termos finalmente acesso a uma adolescente que não é fisicamente bonita e que aprende a viver com isso em vez de o autor justificar essa falta de beleza exterior com um brilho especial nos olhos ou um cabelo estranhamente sedutor. Apesar de tudo, como qualquer menina que cresce na nossa sociedade, Johanna deseja ser bonita. E é essa vulnerabilidade feminina que faz falta no livro. A Dolly é a armadura da Johanna e muitas de nós conseguimos criar essa armadura, mas a verdade é que a Johanna continua lá, escondida. E neste livro, achei que ficou demasiado escondida.
Because my biggest secret of all—the one I would rather die than tell,
the one I wouldn’t even put in my diary—is that I really, truly, in my
heart, want to be beautiful. I want to be beautiful so much—because it
will keep me safe, and keep me lucky, and it’s too exhausting not to be.
No final, o meu respeito pela Caitlin Moran mantém-se. A autora é sem dúvida uma verdadeira defensora da igualdade entre géneros e este livro é uma leitura interessante para jovens adultos.
And, like all the best quests, in the end, I did it all for a girl: me.