Tenho de agradecer à Editorial Presença e à Marcador pela oferta deste livro para leitura. A minha crítica sincera segue abaixo.
O Traidor é um livro escrito por Nelson DeMille e o filho Alex DeMille. É também o primeiro livro de Alex DeMille. Acredito que a escrita a dois é sempre um trabalho árduo, porque duas mentes criativas podem chocar muito, mas li o Good Omens do Neil Gaiman e do Terry Pratchett e achei que funcionou bem.
Dois anos depois do desaparecimento de Kyle Mercer, um capitão da Força Delta dos EUA no Afeganistão, é avistado em Caracas, na Venezeuela.
Dois anos depois do desaparecimento de Kyle Mercer, um capitão da Força Delta dos EUA no Afeganistão, é avistado em Caracas, na Venezeuela.
As circunstâncias do seu desaparecimento são dúbias e não há certeza se terá sido raptado por talibãs antes ou depois de ter desertado. O seu reaparecimento na América do Sul causa suspeita e preocupação ao governo dos EUA.
Detentor de segredos de Estado, o reaparecimento de Mercer leva a que os EUA precisem de o capturar com urgência. Scott Brodie e Maggie Taylor, agentes da Divisão de Investigação Criminal são incumbidos de o levar de volta ao país para que possa ser interrogado e o seu desaparecimento devidamente investigado.
Este livro não foi uma leitura fácil e trouxe-me coisas boas e menos boas.Vivemos num mundo onde as notícias saem mais depressa do que oxigénio de árvores e todos os dias somos sufocados com novas informações. No meu caso, e acredito que seja o caso de muitas pessoas, metade da informação passa-me ao lado. O meu quotidiano no trabalho não me deixa tempo suficiente para aquilo que gosto de verdade e para aqueles de quem gosto, quanto mais para me dedicar à aquisição de nova informação. Este tempo de isolamento social trouxe-me essa percepção. Não vivemos, sobrevivemos. Seja onde for. E a vida passa.
A leitura de O Traidor deu-me a conhecer o conflito da Venezuela. Nomes como Simon Bolivar, Hugo Chávez, Nicolás Maduro, Petare, MBR 200 e SEBIN ganharam formato e maior consistência na minha mente quando antes eram só nomes que ouvia de vez em quando. O livro dá-nos algumas bases sobre esses nomes, mas no meu caso a minha curiosidade não ficou satisfeita e durante a leitura fiz várias pesquisas e vi bastantes documentários, para uma melhor compreensão do cenário. Acho que isso fez com que a minha leitura demorasse tanto tempo.
Detentor de segredos de Estado, o reaparecimento de Mercer leva a que os EUA precisem de o capturar com urgência. Scott Brodie e Maggie Taylor, agentes da Divisão de Investigação Criminal são incumbidos de o levar de volta ao país para que possa ser interrogado e o seu desaparecimento devidamente investigado.
A guerra hoje em dia, pensou Brodie, tinha uma componente de relações públicas e propaganda equiparável à componente da guerra propriamente ditas. Os soldados americanos não se rendem. São capturados. E não batem em retirada. Reposicionam-se na retaguarda. E não desertam. Ausentam-se sem licença.
Este livro não foi uma leitura fácil e trouxe-me coisas boas e menos boas.Vivemos num mundo onde as notícias saem mais depressa do que oxigénio de árvores e todos os dias somos sufocados com novas informações. No meu caso, e acredito que seja o caso de muitas pessoas, metade da informação passa-me ao lado. O meu quotidiano no trabalho não me deixa tempo suficiente para aquilo que gosto de verdade e para aqueles de quem gosto, quanto mais para me dedicar à aquisição de nova informação. Este tempo de isolamento social trouxe-me essa percepção. Não vivemos, sobrevivemos. Seja onde for. E a vida passa.
A leitura de O Traidor deu-me a conhecer o conflito da Venezuela. Nomes como Simon Bolivar, Hugo Chávez, Nicolás Maduro, Petare, MBR 200 e SEBIN ganharam formato e maior consistência na minha mente quando antes eram só nomes que ouvia de vez em quando. O livro dá-nos algumas bases sobre esses nomes, mas no meu caso a minha curiosidade não ficou satisfeita e durante a leitura fiz várias pesquisas e vi bastantes documentários, para uma melhor compreensão do cenário. Acho que isso fez com que a minha leitura demorasse tanto tempo.
Conquistar "corações e espíritos" era um conceito da luta contra a insurreição, que tinha uma longa e nefasta história, mais recentemente utilizado pelos EUA no Vietname, e mais tarde, no Iraque e no Afeganistão. Os apelos "emotivos e intelectuais" das forças armadas norte-americanas à população-alvo, construindo estradas, escolas e hospitais e fazendo promessas de segurança, não passavam de bazófia e na prática eram geralmente puro suborno organizado.
A narrativa é de fácil leitura, sendo que os DeMille usam muito diálogo e as descrições são poucas e com algum detalhe. Considerei uma mistura de Dan Brown e James Patterson. Há fãs por aqui?
A paranoia era um exercício mental divertido. Até deixar de ser.
Fiquei de pé atrás com a leitura quando logo num dos primeiros capítulos, Brodie é chamado pelo seu chefe, Dombroski ao Clube dos Oficiais em Quântico e lhe dá uma achega para se manter atento a Taylor, pois há rumores de que a mesma se teria envolvido com um espião da CIA em tempos e que pode ser corrupta. Perdi logo ali a fé em Brodie, porque não pareceu interessado em defender a parceira ou em pedir para lhe ser indicado um novo parceiro já que se tratava de uma missão tão perigosa. Para me deixar ainda mais apreensiva, nas primeiras 100 páginas, as interacções de Taylor são mínimas e sem conteúdo. Ao cúmulo de numa reunião entre Brodie, Taylor e um coronel, a única personagem feminina ser completamente esquecida e participar na conversa apenas no final para fazer uma pergunta banal e agradecer a reunião.
É o que a liberdade tem. Mostra o verdadeiro lado das pessoas.
Há uma cena mais à frente, num restaurante, estão os dois com uma terceira personagem, mas só Brodie participa com inputs sobre a missão e a única interacção de Taylor é dizer que a mulher que os está a servir é linda e que Brodie não retirou os olhos dela. A personagem perdeu qualquer credibilidade ali e eu fiquei extremamente desiludida. Uma mulher que está no Exército, que foi condecorada não é uma mulher que está interessada apenas em fazer comentários relativos a outras mulheres em que o parceiro possa ou não reparar.
Brodie é um homem convencido, armado em engraçado (faz piadas constantemente) e extremamente machista - a missão dele na Venezuela não é só capturar Mercer, mas (tal como várias vezes descrito no livro) saltar para a espinha de Taylor. Lamento, as personagens não me cativaram em nada.
Quando os amos ensinam a matar e dizem quem deve ser morto, esquecem-se de que os assassinos não devem lealdade a ninguém e não confiam em ninguém.
Foi o cenário, a descoberta da Venezuela que me fez ler o livro até ao fim. Fiquei curiosa em relação à situação vivida em Petare, apaixonei-me pelas paisagens de Kavak, Salto Ángel (não fazia ideia de que é a cascata mais alta do mundo), no Monte (Tepuy) Roraima ( que serviu de inspiração para a paisagem das Paradise Falls no filme da Pixar UP!).
O livro recebeu três estrelas. A escrita e as personagens não fazem o meu estilo, mas o livro fez-me querer compreender melhor a situação Venezuelana e isso também é importante numa leitura - que nos traga conhecimento e cultura. Se forem fãs do James Patterson, por exemplo e como já havia referido, acho que vão gostar.
Podem adquirir aqui:
Editorial Presença
Marcador Editora
Voltei a construir uma playlist para a leitura. Não fazia uma há algum tempo. Esforcei-me por usar apenas músicos Venezuelanos e há uma grande dose de rap. O rap é muito visual e violento, retrata bem a situação Venezuelana. Podem ouvir aqui.
Aconselho também a visualização deste pequeno documentário que vos dá um pouco de background caso queiram compreender melhor a situação vivida na Venezuela. São 28 minutos e já ficam com alguma ideia.