We Should All Be Feminists - Chimamanda Ngozi Adichie

6:00 da tarde

Uma das melhores leituras de 2017 foi Americanah da Chimamanda Ngozi Adichie. Uma das minhas TEDx Talks favorita é também desta grande senhora. Aliás, desde que ouvi a TEDx Talk dela que queria ler este ensaio e ontem fi-lo finalmente. E ainda bem que o fiz. 
We Should All Be Feminists é uma adaptação dessa mesma T. Talk que tanto me marcou. 

Some people ask: “Why the word feminist? Why not just say you are a believer in human rights, or something like that?” Because that would be dishonest. Feminism is, of course, part of human rights in general—but to choose to use the vague expression human rights is to deny the specific and particular problem of gender. It would be a way of pretending that it was not women who have, for centuries, been excluded. It would be a way of denying that the problem of gender targets women.

Há muito pouco tempo tive duas conversas, com dois homens diferentes em que em ambas fui condenada por dizer que sou Feminista. A primeira foi com um colega de trabalho que acredita que ser-se Feminista significa odiar homens, ponto final. Quando lhe disse que isso era um disparate, porque sou Feminista e não odeio homens, ele fez um sorriso presunçoso, disse-me que então eu não era Feminista e quando tentei argumentar, disse-me que estávamos no trabalho e que não era a altura para ter essa conversa. Na verdade, eu acho que foi bom que não tocássemos mais no assunto, porque sinto honestamente que ele não estava pronto para os argumentos que eu traria para cima da mesa e tenho de concordar com ele quando me disse que a altura não era a mais propícia para essa conversa A segunda conversa que tive foi com um homem que me disse que não é Feminista, mas sim Humanista. Neste caso, acho que a citação acima é mais do que resposta suficiente. Atenção que, nos dois casos, quando digo discussão, foram conversas civilizadas, especialmente a última onde conseguimos estar bastante tempo a falar sobre este assunto sem sermos rudes ou reduzirmos a opinião um do outro. E isso, na maior parte das vezes é difícil e raro.

The problem with gender is that it prescribes how we should be rather than recognizing how we are. Imagine how much happier we would be, how much freer to be our true individual selves, if we didn’t have the weight of gender expectations.

No meu segundo ano da Universidade, tive uma cadeira de Cultura do Japão que apreciei bastante. Honne (本音) e Tatemae (建前)foram dois conceitos que a minha Professora me introduziu e que ainda hoje, quando conheço alguém novo, tenho tendência a analisar. Todos nós temos um Tatemae, que é um comportamento que apresentamos perante a sociedade e pessoas que não conhecemos bem. Com o passar do tempo, quanto mais conhecemos alguém, melhor acesso nos é dado ao seu Honne, ou à verdadeira essência dos seus desejos e forma de ser. No meu caso, e como deve ser o caso de muitas outras mulheres na nossa sociedade, sempre fomos ensinadas a sorrir, por exemplo. Porque uma menina é mais bonita, interessante e naturalmente acessível quando sorri. Com o passar dos anos, deixei de sentir a obrigação de sorrir quase constantemente. Faz parte da minha personalidade não sorrir muito. Garanto-vos que não tenho nada contra pessoas sorridentes por natureza, porque as há. Não é o meu caso. Estava a estagiar no Porto e vivia em Braga quando comecei a perder o hábito de "sorrir por obrigação". Todos os dias apanhava um autocarro, um comboio e por fim fazia três paragens de metro só para chegar à empresa onde estagiava. E novamente essa viagem para chegar a casa. Muitas vezes sentia-me obrigada a sorrir à pessoa que se sentava à minha frente, nem que fosse sair dali a duas paragens. Algumas pessoas correspondiam e outras viravam-me a cara. E eu perguntava-me: para quê sorrir, se nem sequer o quero fazer? Já no final do estágio, posso dizer que deixei de sorrir, a não ser aquelas pessoas que, depois de nos sentarmos muitas vezes uns em frente aos outros e de por vezes trocarmos algumas palavras sobre o dia de trabalho. Então, uma vez, aconteceu algo que ainda hoje recordo com a maior das facilidades. Um homem passou a viagem toda a olhar para mim. A carruagem estava quase vazia e eu ia a ler. Como é normal quando temos alguém sentado à nossa frente, olhamos para essa pessoa. Foi assim que me apercebi que ele estava constantemente a olhar para mim. Quando estávamos a chegar à última paragem ele levantou-se e disse-me: És uma pessoa infeliz, não és? Toma. Estendeu-me um papel com um desenho feito por ele e com um link. Quando cheguei à empresa, contei o episódio às minhas companheiras de estágio e claro que fomos espreitar o link. Era uma página de um Yogi/Guru que dizia ajudar as pessoas a encontrar a luz e a felicidade. Na altura ri-me. Mas passado alguns dias aquela situação continuou a vir-me à memória. Aquele homem achou que eu era infeliz porque estava a ler e porque nunca, durante toda a viagem, sorri. Mas a questão é, porque é se não sorrir sou automaticamente infeliz? Se um homem passar uma viagem inteira sem sorrir é porque é infeliz? O que nos leva a outra citação deste ensaio:

We spend too much time teaching girls to worry about what boys think of them. But the reverse is not the case. We don’t teach boys to care about being likable. We spend too much time telling girls that they cannot be angry or aggressive or tough, which is bad enough, but then we turn around and either praise or excuse men for the same reasons. All over the world, there are so many magazine articles and books telling women what to do, how to be and not to be, in order to attract or please men. There are far fewer guides for men about pleasing women.

E não é verdade? Quantas de nós crescemos a partilhar Cosmopolitans e Elles com as amigas para vermos os truques de maquilhagem e fazer os questionários para sabermos se o rapaz de quem gostamos está interessado ou não? E todas essas revistas têm se
mpre aquele artigo que dá a dica de como agradar o homem com quem temos uma relação. Como se existisse uma fórmula que se aplica a todos nós, mulheres ou homens, e a sexualidade fosse o pressionar de um botão e seguir as instruções da Cosmopolitan de Março.

Poderia continuar, mas acredito que não há necessidade para tal. Aconselho esta leitura a todos. São 52 páginas de brain food.

My own definition is a feminist is a man or a woman who says, yes, there’s a problem with gender as it is today and we must fix it, we must do better. All of us, women and men, must do better.



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