Farhenheit 451 - Ray Bradbury
9:14 da manhã
Título: Farhenheit 451
Autor: Ray Bradbury
★★★★☆
A temperatura a que o papel arde: 451 graus Farenheit. Não existe visão mais aterradora do que a de um livro a arder, pelo menos para nós. Há anos que este livro estava na minha lista de livros a adquirir e ler. Em conversa com um amigo com quem trabalho, ele comentou que tinha o livro e que tinha gostado imenso. No dia seguinte, a capa cor-de-laranja qual labareda estava nas minhas mãos para que esta leitura não fosse mais adiada. [ Há melhor coisa do que trabalhar com pessoas com bom gosto literário, já agora?]
Everyone must leave something behind when he dies, my grandfather said.
A child or a book or a painting or a house or a wall built or a pair of shoes made.
Or a garden planted.
Something your hand touched some way so
your soul has somewhere to go when you die, and when people look at
that tree or that flower you planted, you're there.
Dei máxima prioridade a esta leitura e comecei alguns dias depois. Conseguem imaginar viver num futuro em que o trabalho dos bombeiros é encontrar e queimar os livros e as casas onde os mesmos foram escondidos? A personagem principal é Guy Montag, bombeiro e com um capacete com o número 451 bem visível - a missão dos bombeiros já não é apagar fogos, mas sim começar incêndios e garantir que qualquer tipo de pensamento que vá contra a ideologia do Estado é apagado da História. E Montag vive de consciência tranquila até conhecer uma jovem vizinha , Clarisse, que o relembra do passado em que as pessoas liam e tinham opiniões próprias. Montag gosta de ouvi-la falar, por vezes tive a sensação que se tratava daquele ditado "fruto proibido, o mais apetecido". Clarisse questiona Montag se já leu algum dos livros antes de os queimar e é essa questão que acede o rastilho para a mudança de perspectiva de Montag. Quando Clarisse desaparece, Montag sente a sua falta, mas acima de tudo sente necessidade em compreender e questionar a sua profissão.
There must be something in books, something we can’t imagine, to make a
woman stay in a burning house; there must be something there. You don’t
stay for nothing.
Bradbury escreve com uma particularidade que me impressionou desde o inicio - tudo é descrito com palavras que imediatamente nos fazem pensar em fogo, mesmo que esteja a descrever um objecto simples. Poesia dentro da prosa, quão bonito é? Como em qualquer boa distopia, o medo, a vingança e a traição estão presentes; assim como a curiosidade, a coragem e lealdade. Esta é uma obra que demonstra a importância dos livros, das ideias e opiniões. Num mundo em que o livro é cada vez mais silenciado pelo ecrã, a leitura de Farenheit 451 é essencial.
Stuff your eyes with wonder, he said, live as if you'd drop dead in ten seconds.
See the world. It's more fantastic than any dream made or paid
for in factories.
Espero que o leiam em breve e, se já leram, partilhem a vossa opinião. Se gostaram, recomendem-no.
P.S.: Resta ver o filme, que também me despertou curiosidade.
★★★★☆
Sinopse: Guy Montag é um bombeiro. O seu emprego consiste em destruir livros
proibidos e as casas onde esses livros estão escondidos. Ele nunca
questiona a destruição causada, e no final do dia regressa para a sua
vida
apática com a esposa, Mildred, que passa o dia imersa na televisão.
Um dia, Montag conhece a sua excêntrica vizinha Clarisse e é como se um
sopro de vida o despertasse para o mundo. Ela apresenta-o a um passado
onde as pessoas viviam sem medo e dá-lhe a conhecer ideias expressas em
livros. Quando conhece um professor que lhe fala de um futuro em que as
pessoas podem pensar, Montag apercebe-se subitamente do caminho de
dissensão que tem de seguir.
Mais de sessenta anos após a sua publicação, o clássico de Ray Bradbury
permanece como uma das contribuições mais brilhantes para a literatura
distópica e ainda surpreende pela sua audácia e visão profética.
1 comentários
Ando há anos para adquirir este livro, mas, depois, acabo por priorizar sempre outros. Já percebi que terei de mudar isso!
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