Tangerine - Christine Mangan
9:37 da manhãRecentemente, estive na Madeira pela primeira vez. Como estava a terminar um audiobook, decidi não levar um livro físico e quando lá chegasse compraria um. Não sei porque tive esta ideia, visto que sempre que estou em viagem, dedico-me mesmo a visitar cada canto a que consigo chegar e só tenho tempo para a leitura à noite quando não estou demasiadamente cansada, o que é raro.
Então cometi o maior erro que um leitor pode cometer - comprar um livro tendo por base a sua capa. Quando li: "Como se Donna Tartt, Gillian Flynn e Patricia Highsmith tivessem escrito um filme de Hitchcock - nostálgico e cheio de suspense." , pensei que tinha encontrado a leitura certa para mim. Tartt é a minha escritora favorita desde os meus dezasseis anos e adorei o Gone Girl da Gillian Flynn, nunca li nada de Patricia Highsmith mas é um nome sonante na literatura de crime e Casablanca é um dos meus filmes favoritos. Posto isto, na minha cabeça, este livro tinha todos os ingredientes para ser uma leitura boa. Enganei-me redondamente. Logo, se estiverem a ler isto, não recomendo a leitura de Ao Sol de Tânger.
Este é o romance de estreia de Christine Mangan, em inglês Tangerine. Ainda não percebi porque é que a tradução em português não foi feita à letra, dado que a palavra Tangerina surge várias vezes no livro.
Em tempos, Alice Shipley e Lucy Mason eram colegas de quarto inseparáveis até um estranho acidente destruir a amizade de ambas e cada uma seguir um caminho diferente. Um ano depois, Alice casou com John e mudou-se para Tânger e Lucy trabalha numa editora. Trabalhava. Um ano depois, Lucy aparece à porta de Alice sem anunciar a sua chegada e poucos dias depois, John desaparece.
O meu maior problema com a escrita de Mangan é que a mesma não segue a máxima: show, don't tell, pelo que a leitura do livro se torna difícil. É-nos dito que Alice e Lucy são inseparáveis, mas não o visualizamos. É-nos dito que Tânger é quente e poeirento, mas nada mais. As descrições e as personagens não são palpáveis e não é isso que procuro quando leio um livro, mas sim uma leitura que me transporte para outro local.
Como tal, não há nenhum traço da influência descritiva de Tartt, ao contrário dos livros da Gillian Flynn não se trata nunca de um thriller dado que é fácil prever cada passo das personagens e o suspense de Highsmith é um mito. Se dava um filme de Hitchcock? De certo que ele faria funcionar.
Este ficou cotado com 2 estrelas no Goodreads, mas apesar de tudo, teve direito a banda sonora, já disponível no Spotify, como é habitual.
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