Radio Silence - Alice Oseman

12:59 da tarde

 

Título: Radio Silece

Autora: Alice Oseman

Edição: HarperCollins Publishers
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Sinopse: E se tudo a que te propuseste estivesse errado?

Frances é uma máquina académica com um objetivo: entrar numa universidade de elite. Nada se porá no seu caminho - nem amigos, nem um segredo, nem mesmo a pessoa que ela é por dentro.

Mas quando Frances conhece Aled, o génio tímido por trás do seu podcast favorito, Universe City, ela descobre uma nova liberdade. Ele destranca a porta para a verdadeira Frances, e pela primeira vez ela experimenta uma verdadeira amizade, sem medo de ser ela mesma. Mas quando o podcast se torna viral, a frágil confiança entre eles quebra-se.

Presa entre quem era e quem anseia ser, os sonhos de Frances desabam. Sufocada de culpa, ela sabe que tem que enfrentar o seu passado e confessar porque Carys desapareceu ... Enquanto isso, na universidade, Aled luta sozinho contra segredos ainda mais sombrios.

Um livro para jovens adultos que aborda questões de identidade, a pressão para ter sucesso, diversidade e liberdade de escolha, Radio Silence é um tour de force da escritora mais emocionante da sua geração.

 

Opinião:    

★★☆☆☆

Aconselhado por uma seguidora no Instagram e com uma média de 4.17 (aquando da leitura) no Goodreads, dei inicio à aventura de Radio Silence com alguma expectativa. Alice Oseman ganhou notoriedade ao escrever a novela gráfica Heartstopper que o ano passado encheu as fotografias de muitos perfis do #Bookstagram . Pessoalmente, não li, mas as críticas são favoráveis e até o adicionei à minha lista infinita de livros para ler. Posto isto, Radio Silence prometia ser interessante.  

 Everyone's different inside their head.

 Este é um livro para fãs de Fangirl da Rainbow Rowell, o que pode entusiasmar alguns mas, para mim não é um ponto a favor. Ainda antes de chegar a meio da leitura, era o Fangirl com um twist que eu revia nas acções das personagens e na escrita de Oseman. Os primeiros capítulos frustraram-me um bocadinho, mas como já referi várias vezes, não sou capaz de largar um livro a meio e como tal engoli em seco e embarquei com força de vontade. 

 Everything's better under the stars, I suppose. 

If we get another life after we die, I'll meet you there, old sport...

O livro tenta abordar vários assuntos que merecem a nossa atenção: a nossa identidade perante uma sociedade que deveria ser mais tolerante, o cyberbullying, a pressão académica e, claro, a amizade e o amor como tábuas de salvação.  Neste caso, parece-me que remo contra a maré, pois sou confrontada com uma quantidade abundante de fãs desta obra, mas não consigo perceber de onde vem tanto aplauso. A escrita de Oseman desiludiu-me. Talvez a culpa seja minha porque este livro está categorizado como YA e, das últimas vezes que me dedico a este tipo de leituras, noto que a linguagem me parece pouco cuidada com enredos simples e questões pouco aprofundadas. E isto entristece-me, porque YA não devia significar o debitar de uma história. No caso de Radio Silence, o diálogo impera e é a arma favorita da autora para nos dar a conhecer as personagens. Existem também muitas trocas de SMS's, "gravações" de um podcast cujo objectivo é dar-nos pistas obscuras da vida de Aled Last, comentários online numa página do Tumblr e YouTube. O que mais falha são as descrições que são curtas e pouco detalhadas. Sem sal, para vos ser franca. De vez em quando, salta uma frase ou outra à vista, mas parecem deslocadas e pouco memoráveis.

 Sometimes I think we're the same person...

but we just got accidentally split into two before we were born.

Frances é a menina marrona da escola, delegada de turma, sempre com notas impecáveis e, como seria de esperar, com poucos amigos e uma vida social mínima para uma adolescente da sua idade e viciada num podcast de Sci-Fi chamado Universe City cujo autor é desconhecido do público e sobre o qual ela passa os dias a desenhar. Logo aqui torci o nariz porque este é o tipo de personagem estereótipo que a premissa do livro com todos os temas que deseja abordar devia evitar. Ser-se "marrão" não obriga a uma vida social isolada e vice-versa, e provavelmente por isto fiquei ainda mais sensível e crítica a tudo o que se seguiu. Um exemplo disso é o facto da personagem Frances ser filha de uma mulher caucasiana e um homem etíope, mas este pedacinho de informação que é tão importante só nos é revelado quando a personagem de certa forma já se enraizou e, no meu caso, nada me fez antever este pormenor que é crucial tirando a capa da minha edição do livro. O que leva a isto é a introdução das personagens maioritariamente feita através de diálogos e maneirismos repetidos que não contribuem em nada para uma construção tridimensional das mesmas.

I'm platonically in love with you

A amizade de Frances e Aled nasce de um encontro embriagado que não deixa de ser um cliché de tão previsível a situação e acrescento que se trata de uma situação constrangedora que não encaixa com as personagens. Com estranha facilidade, tornam-se amigos. Frances numa base de fã-ídolo, Aled lacónico e depressivo. Juntos, trabalham no podcast - Aled escreve e grava, a fan-arte de Frances torna-se a arte oficial, o que lhe dá imenso protagonismo entre os fãs de Universe City. No fundo, Frances e Aled são os melhores alunos do mundo, que nos escassos tempos livres, encontram refúgio naquele mundo imaginário de Aled. Até que a identidade de Aled vem a público e a relação deles desaba: há uma tentativa de apelar ao tema do cyberbullying, da privacidade online e afins. Tudo feito de raspão. As acções e pontos de viragem são tão forçados que a cola usada por Oseman é peganhenta e não consistente.  Além disto, acho importante não só sentirmos afinidade com as personagens de um livro, mas com as suas atitudes e formas de estar. Se não houver afinidade, ao menos que haja lógica nas suas acções. Não é de todo o caso do "primeiro encontro" destes dois assim como o desenrolar da relação de ambos. Senti a autora a empurrar as personagens para situações das quais nenhuma queria fazer parte.

I wasn’t sure how anyone could mistake an Indian girl for a British-Ethiopian girl, but there it is. Gotta love white people. 

O mistério em redor do desaparecimento de Carys, a irmã gémea de Aled e paixão platónica de Frances, é escrito à deriva de deambulações momentâneas da autora e não de uma forma coerente e estruturada pelo que não há realmente aquela curiosidade do leitor em resolver o que deveria ser um dos temas centrais da história. Aliás, a única referência feita a Carys na sinopse é tão lacónica quanto a sua presença ao longo do enredo. Dei comigo ao fim de 75% a perguntar-me e o que raio aconteceu à Carys, one é que me perdi? Á parte de uma breve referência e aparição constrangedora nos primeiros capítulos, é no final do livro que Frances percebe como reencontrar Carys e salvar Aled de uma depressão profunda. Mais uma vez, são impulsos da narração que poderiam ter sido melhor espaçados no enredo para de facto lhe conferir o mistério e suspense que a autora tenta invocar com esta personagem, mas que falha redondamente. 

I don’t think age has much to do with adulthood.

O final arrasta-se até à exaustão e terminar esta leitura tornou-se exasperante. Lamento que esta história não me tenha tocado como parece ter feito com quem me aconselhou o livro e com a maior parte das pessoas que o leu. Não o posso recomendar como uma leitura eficiente que nos faz deveras pensar sobre os assuntos que se tentam abordar como a identidade de género, as nossas relações e atitudes no mundo virtual, a homossexualidade e até o racismo. A ideia é gira, mas o conteúdo ficou aquém. Acredito que a Literatura YA merece mais e é capaz de melhor. Reforço que este é um livro para quem gosta de Rainbow Rowell em geral, em específico para quem adorou Fangirl, mas não é tão fascinante como apregoado.



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2 comentários

  1. Não conhecia mas gostei muito! <3

    www.pimentamaisdoce.blogspot.com

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  2. Não conhecia o livro, mas acredito que não seja muito próximo dos meus gostos. E, tendo em conta a tua opinião, dificilmente o lerei

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