Edição: Gallery/Scout Press

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Sinopse: Natalie, uma jovem estudante de arte na cidade de Nova Iorque, luta para pagar as contas quando uma amiga sugere que ela encontre um Sugar Daddy - um homem rico e mais velho que paga por encontros e quem sabe lhe oferece uma mesada choruda? Tudo o que é necessário é manter uma certa aparência física e ser uma boa ouvinte. Os favores sexuais são opcionais.

Embora mais de trinta anos mais velho que ela, Gabe, um belo advogado de finanças corporativas, pareça o candidato perfeito e pouco depois, Nat e Gabe estão perdidamente apaixonados. Mas Gabe já tem uma família e não tem intenção de a deixar para trás.

Então, quando ele termina as coisas abruptamente, Nat sente-se perdida e o que deveria ser um arranjo mutuamente benéfico torna-se num pesadelo de mentiras e obsessão.

 

Opinião: 

 

 

Este livro foi-me recomendado por uma das minhas seguidoras no Instagram com quem falo algumas vezes sobre thrillers e livros de mistério. Ela tinha acabado de ler o The Arrangement e disse-me que o livro a tinha surpreendido pela positiva.  

Na altura, adquiri o audiobook que ficou esquecido por um tempo. A semana passada decidi pegar no livro. Tenho que ser honesta, a sinopse não despertou curiosidade em mim, mas tenho sido sempre surpreendida pela positiva com recomendações e acho que é importante darmos uma oportunidade a livros ou temas que não nos despertam curiosidade porque por vezes somos surpreendidos pela positiva, o que já me aconteceu várias vezes. E eu adoro thrillers e mistérios.

The Arrangement ainda não foi traduzido para Português e, se a minha opinião tivesse alguma importância, é daqueles livros que eu diria - não traduzam, não o vendam. Há melhor escrito pelos nossos e há vozes portuguesas que precisam ser catapultadas e por vezes são postas de lado porque as vozes dos EUA que contribuem para que o espaço se torne ainda mais reduzido. 

 

A premissa é interessante: todos sabemos que nos Estados Unidos é algo natural que os alunos universitários  se endividem para estudarem. Não é de admirar que algumas pessoas se sintam desesperadas no que toca à necessidade de fazer dinheiro suficiente para pagar as contas - renda, alimentação, luz, água, gás e propinas. É uma corda à volta do pescoço para um adulto, ainda mais para qualquer jovem que sai de casa para estudar. E é com esta base que a história de Natalie começa: apesar do trabalho em part-time que mantém num bar, a partilha de um quarto com duas outras estudantes não lhe torna a vida mais fácil no jogo da sobrevivência. No curso Nat conhece Ava, uma colega que sem ter de trabalhar ou sem acesso a qualquer bolsa de estudo consegue pagar a renda de um T1 maravilhoso e bem decorado ao mesmo tempo que compra roupas e sapatos caros e desfruta de um estilo de vida que a Nat lhe parece inatingível. Ava dá a conhecer a Nat o site onde encontra Sugar Daddies - homens que estão dispostos a pagar trezentos, quatrocentos e até quinhentos dólares só para se sentarem num bar a tomar um cocktail com uma jovem bonita que esteja disposta a ouvi-los. Nat confronta-se com a ideia de que, com favores sexuais ou não, ser uma Sugar Baby é uma forma de prostituição e que a sua consciência não lhe permitiria viver tranquila se fizesse desse estilo de vida o seu.

 

It doesn’t mean you’re a bad person.

E era aqui que eu pensava que a história se tornaria interessante porque eu contava que o livro abordasse este tema de forma aprofundada - uma jovem que não se quer prostituir, que não quer trocar a sua consciência e moral por dinheiro para pagar o caminho académico que quer seguir, mas que confrontada com o desespero de não ter como pagar as contas toma a decisão de arriscar.

Harding não só não aborda o tema desta forma como o enredo desenrola-se de forma superficial: as personagens são inconsistentes com a personalidade descrita inicialmente e as mudanças de carácter são abruptas.  Não posso aconselhar a leitura deste livro e daí que lhe tenha atribuído duas estrelas no Goodreads.