Título: Cuba Libre
Autora: Tânia Ganho
★★★☆☆
Desde pequena que tenho muita curiosidade em ir a Cuba. A música em especial é o que mais me encanta. Isto porque o meu Pai tinha por hábito ligar a aparelhagem aos fins-de-semana e a música cubana fazia parte do reportório do nosso DJ de fim-de-semana.
Ouvi falar muito da Tânia Ganho por causa do livro Apneia. Quando saiu, foram vários os blogs e as publicações de Instagram que deram a conhecer a publicação do mesmo. Tenho por hábito investigar um pouco sobre as obras dos autores antes de adquirir um novo livro e encontrei Cuba Libre. Aliás, a Tânia Ganho já tem uma carreira literária vasta antes de publicar o Apneia e fiquei curiosa por nunca ter ouvido falar nela. Verdade seja dita, a culpa é minha porque uma vez mais relembro que sou ávida leitora de publicações norte-americanas. Continuo a querer ler mais autores portugueses, em especial mulheres e não hesitei em comprar o Cuba Libre por esse mesmo motivo.
A Madeira é agreste e eu sou como ela, de arestas espetadas onde as pessoas tropeçam e se magoam. Não tenho paisagens de areia fina, não sou suave, nem macia, nem balsâmica. Sou dura e pedregosa, vulcânica e traiçoeira, e devia ter um cartaz a avisar: PERIGO-FALÉSIA.
Pus de lado todas as outras leituras que estão em espera e quando o recebi em casa, comecei a ler. Infelizmente, o livro não me cativou como esperava e demorei cerca de um mês a terminar a leitura do mesmo. A premissa está lá: a Tânia Ganho dá enfase aos detalhes que nos transportam para o Portugal dos anos 90 e 00 - as coca-colas, as revistas para adolescentes, a Vanessa Paradis, a Britney Spears, Backstreet Boys, entre outras vedetas; os cinemas Castello Lopes e o Austin Powers, o Luís Represas, o Nobel do José Saramago e por aí fora. Mas é aqui o meu principal problema com este livro. Parece um relato destas décadas e não um enquadrar do mundo de Clara, a personagem principal.
E carisma é personalidade. Que o digam os ditadores deste mundo.
A ideia está mesmo presente e o que me frustrou nesta leitura foi o facto de perceber o que queria ser transmitido com a história, mas sentir que o objectivo nunca é alcançado. Não consegui criar nenhuma empatia com a Clara e, a maior parte do tempo, detestei-a. Senti da parte da personagem uma vontade grande em diminuir o sexo masculino a traidores a tempo inteiro e sem escrúpulos.
A escrita é simples e leve, mas considerei que o trabalho de edição não foi bem feito dado que temos capítulos que se passam em Cuba, outros em Lisboa, Funchal e até em Paris; mas a meio do livro, os capítulos eram todos intitulados de Cuba 1994, mas apenas o primeiro parágrafo era passado em Cuba e os restantes retratavam a vida de Clara em Lisboa ou no Funchal. Isto por vezes confundiu-me. Desiludiu-me pelo facto de que senti que o livro em nada estava relacionado com Cuba, mas maioritariamente com Lisboa.
Ainda assim, quero dar outra oportunidade à escrita da Tânia Ganho. Apesar de tudo, criei uma playlist para o livro que pode ser ouvida aqui.
★★★☆☆
Sinopse: Como é que alguém pode saber o que se passa dentro da cabeça de uma mulher que foi educada para fugir à tentação?
Uma
mulata de cabelo rapado à beira de uma piscina, numa madrugada em Cuba.
Um homem vindo de Bruxelas, na véspera de um casamento. Uma relação de
sete anos e o medo do escândalo, numa terra de «gente austera e devota».
Duas ilhas estanques no meio do Atlântico. O desejo louco de
libertação. Um regresso inesperado a Paris. Dez anos na vida de uma
mulher de sexualidade ambígua, em busca do seu rumo no mundo.