Ajudar a Cair - Djaimilia Pereira de Almeida

12:03 da tarde

 

Título: Ajudar a Cair

Autora: Djaimilia Pereira de Almeida

Edição: Fundação Francisco Manuel dos Santos
Adquirir: Bertrand Livreiros | Wook  (links afiliados)

Cópia de Ajudar a Cair fotografada por mim
 

★★★★☆

 

No Dia Internacional da Mulher não poderia deixar de falar sobre um livro escrito por uma Autora Portuguesa. Ajudar a Cair faz parte da colecção Retratos da Fundação Francisco Manuel dos Santos cujo intuito é dar a conhecer diversas realidades do nosso país. Nesta pequena mas rica obra, Djaimilia Pereira de Almeida traz-nos relatos de pessoas que trabalham ou trabalharam no Centro Nuno Belmar da Costa, propriedade da Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa. 

Não sendo algo com que tenha alguma vez lidado de perto, a Paralisia Cerebral não é uma condição sobre a qual alguma vez me tenha debruçado ou mesmo preocupado. A importância de livros como este é notável pela necessidade de reconhecermos realidades diferentes daquelas que consideramos normais, sejam elas de carácter físico, de género, racial, sexual, religioso entre outros. Há que abrir horizontes e ver, ver de verdade, os outros, não apenas olhar. 

Reconhecê-los como semelhantes exige respeitar a sua senioridade, percebendo que podiam ser meus pais ou avós e que já lhes passaram pelo corpo mais mãos do que a mim.

Outro motivo que me faz falar deste livro no dia de hoje vem do facto de que muitos destes relatos são feitos pelas bocas de mulheres que tomam o papel de cuidadoras. O nosso país (e mesmo no resto do mundo) há um longo caminho ainda a ser feito no reconhecimento da importância daqueles que cuidam de outros seja em casa ou associações. São milhares as mulheres que tomam este papel em mãos e tão pouco é feito para agradecer este papel que é de extrema importância para a qualidade de vida de pessoas com necessidade de apoio diário. 

No que toca à narrativa em si, esta foi a primeira vez que ligo algo da autora e achei na prosa de Djaimilia uma poesia doce e leve. Por os capítulos/contos terem um tom de relato, tornam-se por vezes um pouco confusos, mas penso que o mesmo vem da ideia de linguagem coloquial a que o livro se propõe. Da minha parte, o capítulo Esse Andar Tão Bonito foi dos meus favoritos de tão especial que achei o relato.

Uma boa leitura e aquisição para qualquer Biblioteca.  


★★★★☆

Sinopse: Paralisia cerebral. Conhecemos as palavras. Mas o que sabemos sobre quem as humaniza? Longe do nosso olhar, no Centro Nuno Belmar da Costa, a dignidade humana materializa-se a cada minuto. Num ritmo que não se compadece com o tempo veloz em que vivemos, David escreve uma carta, Dulce bebe um café, Clarinha desenha um C. Residentes e funcionários, ao lado dos quais a autora trabalhou, vão mostrar-nos — à beira da piscina, no quarto ou à mesa — que o dia-a-dia vai muito além do «viver com a doença» a que resumimos a paralisia cerebral. Há riso, sol, e uma mão que se estende. Afinal, de que é feita a dignidade humana, senão do respeito e do amor com que o outro, mais do que amparar, nos ajuda a cair?

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2 comentários

  1. Da autora ainda só li Luanda, Lisboa, Paraíso e fiquei rendida à escrita. Tendo em conta a forma como descreves este livro, é claro que o vou querer ler *-*

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  2. Eu tenho certeza que este livro seja uma leitura maravilhosa, um tema delicado e pouco abordado. A paralisia cerebral tem diferentes níveis, mas é muito importante humanizar as pessoas que possuem tal deficiência e não sentir pena delas, o capacitismo precisa e deve ser combatido sempre.
    Agradeço por compartilhar esta excelente leitura!

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